"...te desejo

boa terra em teus pés

água bastante em tua semente

bom vento para o teu sopro

fogo em teu coração

e muito amor em teu ser..."



domingo, 26 de dezembro de 2010

Organiza o Natal

Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.
Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.

Pode ser muito grande, mas, desejo que estejamos vivos para ver essas palavras se tornarem realidade. Bom Natal e que 2011 seja melhor, com mais sonhos realizados.

PAZ PARA VOCÊ

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Meu hematoma


Isso é um joelho - tomei um tombo.


"As coisas não estão boas."

"O Físico"


Tô lendo um livro muito bacana. Se chama "O Físico - A epopéia de um médico medieval" de Noah Gordon. O livro possui 590 páginas que contam a história de um homem que anseia por aprimorar seus conhecimentos na ciência pela qual é apaixonado, a medicina, numa época em que ainda não se acreditava nessa ciência. Só o cenário já é absolutamente embriagante: vai da Inglaterra a Pérsia com direito a viagens por desertos, caravanas exóticas e toda uma miscelânea cultural inebriante; o autor consegue levantar as cidades diante dos seus olhos. Logo vem a imagem do cortiços sujos que abrigavam todo tipo de miserável e que se espalhavam por toda Inglaterra,a riqueza de cores da Pérsia, a geografia que atravessa a Europa e a Ásia, as crenças do povo, as convicções de um garoto que perde sua família, vai viver com um barbeiro-cirurgião e decide ser médico em um momente histórico em que médicos não são homens de Deus, ele simplesmente decide saber mais sobre a vida e a morte...O enredo é fascinante! Ainda não terminei de ler mas já recomendo.

Como as pessoas são difíceis


Passei tempo sumida né. Porque as vezes não tenho nada pra falar, nada acontece, tô com preguiça mesmo ou estou tão indignada com as pessoas que prefiro me calar.

Ai! as vezes as pessoas me cansam tanto; elas falam, reclamam, choram, pedem, tentam ser simpáticas, traem, riem de mais ou de menos... e os meus nervos não conseguem acompanhar!

Te amam, te odeiam, conversam com você e no segundo seguinte te ignoram, dizem que pensam uma coisa e fazem outra. Meu Deus!!!

Eu não gosto de me indispor com as pessoas, principalmente porque o meu trabalho exige uma boa dose de cordialidade, porém eu sou extremamente crítica, individualista, imediatista, ansiosa, estressada e não tenho saco pra ficar rindo pra todo mundo!! Fato é que as pessoas não aceitam que te estressam e se vc demonstrar isso a elas, pronto! Elas entendem que vc as odeia! Sei que todo mundo passa por isso mas precisava por pra fora. Acho que é devido ao meu trabalho. Gente demais, diferente demais e eu tenho um contato cordial com todos, não mando ninguém a merda. Tentar ser gente boa cansa, as vezes não me reconheço e penso se alguma daquelas pessoas simpatizaria comigo fora dali. Na verdade nem mesmo sei se consigo ser simpática. Provavelmente eu estresso a maioria delas. Mas como as pessoas não falam nada eu continuo...


Porisso amo cães!